Dizer que “é só uma fase” para um adolescente que ainda está descobrindo os limites dos rótulos que a sociedade inventa, significa dizer que o caminho que ele vai percorrer não é importante. Era pra já estar feito, pronto e ideal. Para o adulto já não se diz muita coisa, ele apenas "é". Suportamos assim o peso dos estigmas que nos foram colocados, ignorando a nossa capacidade de transcender, se movimentar, modificar a matéria que somos nós.
Não sabemos apreciar a dança da passagem do tempo
e como isso muda nossas perspectivas e desejos.
Não apreciamos o que é efêmero, passageiro. Se absolutamente tudo é uma fase e não damos valor a isso, não damos valor a nada. A única certeza que temos é que tudo se acaba e mesmo assim muitos de nós insistem em só dar valor a coisas que consideramos “concretas”, resultado final de algo. Assim deixamos de ver beleza na vida em geral.
A partir dessa ilusão, fragmentamos o mundo em coisas individuais, separadas, e dessa maneira tentamos confinar as formas fluidas da realidade em categorias fixas criadas pela mente.
A frustração que vem disso deriva de nossa dificuldade de enfrentar o fato básico da vida: tudo aquilo que nos cerca é impermanente e transitório. A contínua mudança nos assusta, porque nos convoca para a morte, simbólica ou concreta. Mas é também vida, descoberta, a experiência, os sabores, a graça de mudar.
Arte: Claudia Maus Haus.
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